LITERATURA | A Cidade da Raposa – Review

Qualquer um pouco mais familiarizado com o mundo de Tormenta, o maior cenário de fantasia nacional, já deve ter ouvido falar sobre o reino de Ahlen, carinhosamente conhecido também como o reino da intriga. O motivo para isso? Bem, ele é bem simples: o local está cheio de nobres inescrupulosos, um povo oprimido pela corrupção, mentiras e trapaças. Na realidade, a traição, o roubo e o não cumprimento da lei é uma regra implícita que todo habitante de Ahlen conhece de alguma forma. Quanto à sua prática, isso depende de cada um. 

A Cidade da Raposa troca a queda e a ascensão de deuses presentes em outros romances, por uma trama muito mais mundana. Ou pelo menos, o mais mundano que uma história em Arton poderia ser. Se prepare para entrar em uma trama de mentiras e tramoias, em uma verdadeira teia de acontecimentos que acaba ligando vários personagens de uma única vez.

Um vilão a cada ocasião

Não existe realmente um grande e abominável vilão em toda a história e, embora antagonistas estejam presentes, a trajetórias desses personagens é muito mais intimista e acabam se conectando de alguma forma. Ou seja, ao mesmo tempo em que não há a união em prol de derrotar um grande e terrível feiticeiro maligno ou dragão temível, sempre há algum desafio, algum problema ou percalço na vida de seus personagens, afinal, é o conflito que move a trama. O melhor de tudo é que, algumas vezes, os protagonistas e próprios coadjuvantes acabam sendo responsáveis por prejudicar uns aos outros, seja de forma direta ou indireta. 

De qualquer forma, podemos apontar apenas dois deles como pontos principais em toda essa teia de acontecimentos. A primeira e talvez mais importante é Felícia, uma jovem seguidora de Khalmyr, o deus da ordem e da justiça, e guarda investigadora recém-formada, que tenta ser honesta em um ninho de cobras e traidores. O outro é Mardoc, um jovem nobre boêmio afogado em suas próprias diversões e desprezo pela plebe, mas que aos poucos começa a se afundar a fim de retribuir os privilégios dados por seu sangue nobre. 

No meio disso tudo podemos contar com uma verdadeira sorte de pessoas e acontecimentos. Um anão envolvido em um caso extraconjugal, um mentor tritão, que também é um capanga terrível, um ogro educado que faz parte da guarda da cidade, dentre muitos outros.

Um novo olhar sobre Arton

Por mais materiais descritivos que possam existir sobre uma localidade fantasiosa, poucos podem ser tão esclarecedores quanto um romance totalmente dedicado como A Cidade da Raposa, a menos, é claro, quando falamos sobre um suplemento sobre uma cidade ou região.

A história se passa em Thartann, a capital do reino de Ahlen. Por um lado é bastante interessante acompanhar as novas perspectivas do local, os nomes dos lugares, como tudo funciona. O aprofundamento cultural que temos sobre o reino e a própria cidade também são maravilhosos para enriquecer o cenário como um todo. 

Por outro lado, quando falamos de elementos já conhecidos de Arton, precisamos apontar os dois lados da moeda. Em um deles temos algumas ocorrências muito explicativas sobre alguns termos e acontecimentos. Por um lado é até excelente para quem está chegando agora, mas por outro, pode não soar muito orgânico para quem já é veterano no cenário. De qualquer forma, isso pode ter sido justamente uma decisão editorial para não confundir os novatos. 

Ainda assim, apesar de este ser o primeiro romance de Lucas Borne, o autor do livro, ele não é um marinheiro de primeira viagem dentro do mundo de Tormenta. Ele foi responsável por vários suplementos de regras ainda na época do Tormenta RPG, além de ser o autor do livro-Jogo O Labirinto de Tapista e co-autor de outro livro-jogo, Deus da Guerra. Todos eles ambientados dentro do mundo de Tormenta.

A Cidade da Raposa: ler ou não ler?

Se você já está acostumado com outros títulos de Tormenta, saiba que A Cidade da Raposa é diferente de todos eles. É diferente até mesmo de A Joia da Alma, pois dispensa longas viagens pelo Reinado, a queda e a ascensão de deuses e até a possibilidade de lidar com uma força criadora do universo. 

Mude isso para uma história mais centrada em um único lugar, ainda que repleta de maquinações e ligações emaranhadas como em uma teia. Embora não mexa com o destino do cenário de alguma forma, é sim uma leitura bastante válida para todos os fãs do cenário, principalmente por apresentar um novo tipo de fantasia. Se estiver inclinado em saber mais sobre o reino da intriga, então, é um prato realmente cheio de possibilidades e até ideias para suas aventuras.

Ficha Técnica:

  • Gêneros literários Fantasia
  • Selo literário Tormenta
  • Autores Lucas Borne
  • Formatos Brochura
  • Páginas 360

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