REVIEW | DEADLANDS

O velho oeste americano é um tema que serve de base para ótimas histórias, desde o cinema com grandes filmes como Os 8 Odiados, até e jogos, como a amada franquia Red Dead Redemption. Nas mesas de RPG não seria diferente. E para aqueles que querem trazer uma boa história de bang bang para seus jogadores, com algo a mais, por assim dizer, apresentamos Deadlands: O Oeste Estranho, publicado pela editora Retropunk.

Para o oeste, jovem!

Deadlands nos traz para o Oeste Americano, com sua história se passando no ano de 1884, num período pós-guerra civil, mas embora o cenário traga eventos históricos famosos, somos apresentados a uma

América totalmente diferente do que conhecemos, pois aqui, a magia e a tecnologia influenciaram os rumos da história. E não estranhe ao ver robôs movimentados por ferro fantasma, o estranho minério que mudou os rumos da guerra para ambos os lados, ou conjuradores, que no lugar dos famosos grimórios, conjuram suas magias através de baralhos de pôquer, jogando até mesmo uma mão ou outra contra o Diabo para fortalecer seus poderes.

Outro destaque para as mudanças que temos nessa América são os nativos americanos, que possuem duas grandes regiões, conquistadas a muita luta: as Nações Sioux e a Confederação do Coiote, regidas pelos Velhos Costumes, onde a tecnologia não funciona, a não ser que seus líderes queiram.

Botando o pé na estrada

Para acompanhar todo esse universo frenético, Deadlands chega através do sistema de Savage Worlds, que permite combates rápidos e furiosos, sejam na troca de tiros ou de magias. O livro traz todo o processo de criação de personagens para aqueles que não conhecem o sistema, com direitos a novas vantagens e desvantagens condizentes com o cenário, além de várias dicas de arquétipos para ajudar os jogadores a criar seus personagens.  O livro traz também uma área de equipamentos totalmente voltada ao cenário, com diversas armas da época e seus itens tecnológicos gerados a base do ferro fantasma, chamados de dispositivos infernais.

Mesmo com a presença de magia no mundo, Deadlands possui apenas a opção de humanos para as mesas, com a exceção dos Atormentados, mortos-vivos que retornam graças a um demônio que o traz de volta a vida, com uma nova gama de poderes, mas com o ônus de apenas conseguir se alimentar de carne humana, fora toda a sua aparência cadavérica que não passa despercebida.

O que não poderia faltar são regras específicas para o cenário, o mestre não precisa se preocupar, pois o livro traz tudo para os momentos de duelos e as famosas debandadas de animais, como um estouro de boiada, momentos clássicos em histórias de velho oeste.

Quem é você nesse mundo?

Embora Savage Worlds não possua um sistema de classes como outros sistemas, em Deadlands somos apresentados as vantagens únicas, que são vantagens relacionadas a arquétipos específicos, como o Cientista Louco, que gera seus efeitos mágicos através de invenções mirabolantes, ou os Agentes, que trabalham para cobrir e resolver problemas sobrenaturais, bem no estilo dos homens de preto. Ter uma vantagem única abre ao jogador um novo leque de vantagens ligada a ela, possibilitando a criação de personagens únicos, mas não sendo obrigatórias para aqueles que preferem seguir por outros caminhos que não as incluam.

Procurado: Vivo ou Morto

Para auxiliar tanto o mestre quanto os jogadores, temos todo um capítulo voltado à história do cenário, falando dos eventos que levaram ao despertar da magia no mundo e revelando mais dos grandes vilões

do cenário, como os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, que tem como objetivo fugirem dos Campos de Caça, o mundo espiritual, e tomarem de assalto o plano material. Viajamos conhecendo as antigas campanhas da primeira edição do sistema, e como cada Algoz dos cavaleiros foi derrotado, trazendo inclusive o nome da campanha em que ocorreu cada momento, ajudando os mestres na hora de buscar inspirações em antigas aventuras.

A lei por essas bandas

O capítulo do xerife é recheado de dicas para enriquecer as histórias, como as tabelas de Mau Funcionamento para quando as criações dos cientistas loucos saem de controle ou quando um atormentado decide deixar o Diabo sair, dando o controle de seu corpo ao demônio que habita nele, fortalecendo suas habilidades, mas ao custo de ficar cada vez mais próximo de perder o controle de vez. 

E além disso, um ponto divertido são as tabelas de criação de aventura, que auxiliam na hora de dar um pontapé inicial para uma aventura ou só para quando você deseja criar uma história rápida para jogar com seus amigos. Puxando algumas cartas e vendo o número e o naipe, as tabelas dão ideias para novas histórias. 

Após isso, temos um vasto capítulo com descrições das regiões do Oeste Estranho, mostrando um descritivo de como são essas áreas e o nível de medo de cada região, um medidor que define se a área está mais livre do sobrenatural ou está próxima de ser tornar uma Terra Morta, uma área que já faz mais parte dos Campos de Caça do que da Terra.

Cuidado por onde anda…

E lógico que não poderia faltar um bestiário, trazendo inúmeras criaturas sobrenaturais para infernizar a vida dos seus jogadores, com monstros bem únicos do cenário, como o feroz Wendigo, o assustador Juiz Enforcado e os gigantescos Dragões do Labirinto. Junto das criaturas temos também fichas de NPCs genéricos, prontas para usar na sua mesa, tanto nas versões comuns como bandidos de estrada, cultistas e abençoados, como as mais fortes, que são marcadas como Cartas Selvagens, como o atormentado, a bruxa de Wichita e o Líder do Culto.

Deadlands reúne aquele velho oeste que conhecemos com um adicional que não descaracteriza o ambiente, bem ao contrário, enriquece ele com um estilo mais único, permitindo que o mestre possa montar seu Oeste Estranho à sua forma, com uma pegada mais western spaghetti, com muitos tiroteios e cenas heróicas, ou algo mais para o terror, com seus jogadores com medo do que se esconde nas planícies. Monte o seu Oeste e diverta-se.

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